Terminou mais uma edição do Festival Bike 2010 nos pavihões de Santarém do CNEMA. Pela primeira vez o Planeta QI particupou na pequena maratona, em ritmo tranquilo, 52 kms sem grandes altimetrias, que se completaram sem grande história (apenas dois furos) em pouco mais de três horas. Como estamos habituados aos passeios pela serra algarvia, estes 52 kms foram um passeio bem agradável.
À exposição então. Nos tempos que correm não se esperaria grande investimento por parte dos importadores e dos poucos fabricantes nacionais. Pouco importa que em toda a Europa o setor da mobilidade urbana seja o que mais tem crescido, que as elétricas tenham duplicado o espaço em outros certames afins (nem vou falar da Eurobike deste ano), em Portugal continuamos alegremente a olhar para a bicicleta como um objeto de lazer. No mesmo fim de semana do Festival Bike decorria em Santarém a Feira da Gastronomia e uma manifestação pró-tourada, que permitia assitir a lides pagando apenas um euro pelo ingresso. Panis et circences, portanto, que pedalar custa bastante. Na "monumental" de Santarém, rezam as crónicas de quem lá esteve, nem faltou Moita Flores vestido de campino.
No CNEMA, nenhuma autarquia esteve presente a nível oficial, nenhum instituto ou autoridade nacional, apenas empresas privadas procurando promover os seus produtos e uma ou outra associação local ou de âmbito nacional como a FPCUB, que bem ou mal (normalmente mais bem que mal) vão fazendo o pouco que conseguem. Foi isto que o CNEMA viveu ao longo de três dias, não sabemos se por falta de visão de quem dirige, deficiência da organização ou, provavelmente tudo em conjunto.
Evidentemente, havia novidades, no setor desportivo e de lazer, bicicletas de estrada, de montanha, carbono, alumínio, titânio, XTR, XT, 105 e Acera a rodos, tudo já devidamente catalogado e dissecado nas revistas da especialidade. Nesse campo, embora eu não seja um entendido, nada faltava, provavelmente. Já para a cidade... No stand da Shimano, diga-se em bom abono da verdade, havia um grupo Alivio exposto, contudo sem preço disponível, nem informação sobre se seria possível encomendá-lo. O mesmo se aplicava ao grupo Nexus, que contudo promava pela ausência, apesar de haver algumas bicicletas equipadas com este grupo no certame. Em caso de avaria, provavelmente será uma dor de cabeça encontrar peças em Portugal...
No setor da mobilidade urbana, as novidades eram mais raras. Assim, destacaria talvez a linha da Globe, presente no stand da Specialized com quatro gamas diversas e com programas bem definidos, modelos com um verdadeiro bom gosto e com linhas depuradas e adaptadas a uma utilização citadina confortável. Evidentemente, havia ainda uma ou outra marca com novidades, mas nada que verdadeiramente seja digno de nota.
Ao nível das elétricas, conseguimos contar 10 modelos expostos em todo o certame, sendo que duas delas não eram a nível oficial, apenas serviam para ilustrar acessórios comercializados pelo expositor. Destacariamos as e-motion da BH, mas a um preço desconcertante, claramente sofrendo na concorrência com as Giant Twist com o Hybrid Cycling Technology.
Evidentemente, a forma de promoção do produto bicicleta e o respetivo posicionamento no mercado estão errados e se dúvidas havia, este certame provou isso. Existe, a par disso, uma evidente falta de envolvimento oficial por parte de quem tem capacidade de promover uma mudança de hábitos. A bem dizer, até existe massa crítica, a prova viva está nos diversos blogs, em artigos dispersos, em milhares de artigos de opinião soltos. Até acreditamos que no seio das autarquias exista quem tenha vontade de promover e divulgar o uso da bicicleta, sem que contudo detenha as ferramentes necessárias. É aí que na nossa opinião deve residir o esforço da mudança, na divulgação de ferramentas, de métodos de planeamento, onde para já importa mais sensibilizar que gastar dinheiro, ou pelo menos gastar menos dinheiro, sendo desnecessário apelar à necessidade de construir ciclovias a torto e a direito. Falta, por assim dizer, o esforço aglutinador, que dê sentido ao enorme contributo válido que está espalhado na sociedade civil.
Foi tudo isto que foi possível constatar e confirmar no recinto do 7 Festival Bike 7. Panis et circences, a bem dizer.
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