Era esta a pergunta que num recente debate se fazia a um candidato a uma autarquia. Evidentemente, não sabendo de que tipo de via se tratava, o candidato foi dizendo que isso depende um plano mais vasto, do levantamento das implicações, da segurança dos ciclistas a considerar... Enfim, ao fim de um par de minutos ainda não se tinha a resposta, de forma que a minha atenção se prendeu noutro lado.
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E no entanto, apesar de reconhecer algum mérito na resposta do candidato, não posso deixar de me preocupar com a impreparação que dela resulta. Evidentemente, não é a mesma coisa criar condições de circulação para ciclistas na Av. da Liberdade em Lisboa, no Passeio Ribeirinho, ou em Vila Real de Santo António. Mas são situações extremas. E só os casos de verdadeira segregação é que são verdadeiramente uma fonte de preocupações.
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Tome-se o exemplo de uma cidade europeia de dimensões generosas: Paris. Em menos de um ano traçaram-se mais de 300 kms de vias para circulação de bicicletas, algumas com sharrows, outras em corredores reservados a transportes públicos. Se é absolutamente seguro? Não. Mas é mais do que era. Com efeito, é agora possível descer a Av. Franklin Roosevelt, atravessar os Campos Elísios, o Sena e seguir para ou pela margem esquerda, de bicicleta, utilizando corredores criados para o efeito, a maior parte na rua, em comunhão com o restante tráfego (para comprovar basta ir ao Google Maps e comprovar com a vista de rua). O mesmo acontece na paradigmática Amsterdão, ou mesmo em Copenhaga, onde a maioria do trânsito não é verdadeiramente segregado dado que a largura das ruas não o comportaria (como se vê no vídeo anterior "city of cyclists").
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Em que ficamos então? Para responder à questão supra, havendo vontade e escolhido o ponto a partir do qual se iniciará o processo de implementação - que deve ser o centro da cidade e não a perferia urbana, porque ali serve mais pessoas e de onde se queira retirar o maior fluxo de tráfego - este alastrará muito rapidamente, computados os benefícios que deste resultam e a simplicidade que reveste, dado que a infra-estrutura principal - as ruas - já existe. Um plano ciclável limita-se ao óbvio, nada mais que isso, portanto.
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