6 de dezembro de 2007

Pulo do Lobo








Acordar cedo junto ao Vascão, assistir na primeira pessoa ao dissipar da neblina matinal, lavar o rosto na água fria da ribeira, levantar tenda sem deixar vestígio da breve passagem. Chegamos cedinho a Mértola com os cafés ainda a despertarem e, junto ao Guadiana, levanta-se a canoa já combinada. Coloca-se esta no tejadilho do carro e toma-se a estrada para o Pulo do Lobo, uns quilómetros rio acima. No final do asfalto, estacionamos, deixamos o carro, colocamos a canoa na Xtracycle e tomamos o estradão de sete quilómetros que nos levará ao Guadiana, mais precisamente ao acidente geológico do Pulo do Lobo (quarta foto acima), um desnível de 16 metros criado no leito do rio aquando do recuo do mar na última era glaciária. Pelo caminho, cruzamo-nos com o veado e o dinossauro, duas árvores secas que são as duas primeiras fotos, mesmo antes dos portões azuis de acesso à Herdade do Pulo do Lobo, que se abrirão e tornarão a fechar à nossa passagem. Eis-nos no rio.

O tempo para algumas fotos da praxe, um sms de segurança a avisar onde estamos, e principia a experiência da navegação no lago superior, com passagem por alguns moinhos de água e seus contrafortes desfeitos. Regressamos ao ponto de partida, passamos para a parte de baixo do rio, logo a seguir ao Pego do Sável (quinta foto), onde a experiência é mais gratificante, porque estamos enquadrados por paredes de rocha de ambos os lados. O Grande Rio do Sul continua a ter o seu encanto. Avistamos aves e pequenos mamíferos nas margens assim como um par de cegonhas negras (quatro casais recenseados no parque natural). No regresso, a corrente não é forte, mas é contrária e duplica-nos o esforço. Duas horas mais tarde, estamos de regresso a Mértola, não sem uma penosa subida com a bicicleta e a canoa no primeiro quilómetro após a saída do rio.

Mas que prazer, que enorme prazer, este regresso ao Guadiana, alguns anos volvidos depois da última vez em que cá estivemos a navegar. Depois da devolução da canoa, rumamos ao Alengarve, um pequeno restaurante na zona alta da cidade que, apesar da nova gerência, manteve-se acolhedor e simpático. Em breve regressaremos, para visitar o Pomarão.

Tarde no dia, rumamos a Lisboa, onde nos aguarda um magnífico caril de caranguejo, entre amigos e caras novas, que mal acreditam no relato e nos tomam por inconscientes. Rimo-nos, sabemos que os lençóis saberão melhor assim.

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